quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Do cinzentismo...

O estado da nação entorpece-nos os sentidos. O tempo também…
Na modorra dos ‘sound-bytes’, já estafados e cada vez mais patéticos, não há nada de novo a esperar…
Isto quase que parece Kafka a renascer do além, mas não é, para consternação geral, não é, creiam!
A acrescentar ao cinzento das ideias temos também o cinzento amarelado do asfalto ‘barrado’ de ocre da lama da já pouca obra por terminar ou por iniciar, por falta de cabimento orçamental. Muito apropriado ao ‘status-quo’ político… Depois logo se verá … Já andamos assim há décadas –  as do nosso descontentamento, claro está!...
As reticências são como o cinzentismo: alácres, cínicas, desconfiadas da própria sombra. Sem grande esperança ou vontade de a ter. Convém assim ser, pois assim nada mexe!...
Que diabo, mas que lhe deu? Ainda há pouco dizia-se de optimista, mesmo contra a corrente do nacional-pessimismo!
Pois, respondo, têm toda a razão! Mas que fazer então, que esperar?
Não há milagres, por mais que os crentes o defendam. Apenas há homens e mulheres que pensam e agem ou não! No nosso caso o não está instalado! Deixem andar… é o mote mais visível.
Ah assim não! Ou escapamos a este círculo vicioso e viciante ou então não haverá milagre ou messias milagreiro que nos valha! (Até já experimentámos vários e foi o que se viu! Portanto, nem vale a pena repetir doses que já enjoam!).
Sejamos claros: ou queremos mudar ou deixamos andar! Ou somos capazes de criar alternativas ou então é melhor calçarmos pantufas e mergulhar no sofá e entediarmo-nos com a TV mexicanizada ou truculenta de ‘novelas da vida real’ e quejandos.
É tempo de decisão e de recomeçar! Com serenidade e sem embasbacamento. Com firmeza mas sem a ganância do poder pelo poder. Com civismo e espírito de missão, sem ilusões mas com projectos realizáveis, por mais adversas que sejam as situações.
Com coragem mas sem estridência, própria de quem não sabe o que quer a não ser manter tudo na mesma, mudando apenas os actores das sucessivas farsas.
É tempo de mudar, de tomar outro rumo.
O optimismo faz-se, não se inventa! Faz-se de pequenos passos e de pequenas luzes que vão acalentando os sonhos e derrubando a insensatez dos que se julgam donos eternos e santificados do e pelo poder! Faz-se de pequenas coisas que mudam a raiz das coisas!
Que mudam a realidade, que a transformam em sonho realizado, por nós, mas para os outros!


João Mendes Nogueira,
em Tomar num dia de Setembro

Sem comentários: