sexta-feira, 24 de abril de 2015

Da viragem necessária à possível…


Vivemos tempos decisivos… Aqui e em toda a parte…
Começando por aqui, já não basta propalar ‘mudança’, há que a efectivar… local, nacionalmente, na Europa…
As viragens necessárias estão por decidir, e, pioneiramente, alguns já as iniciaram. Muitos na inércia da contenção e ou aversão ao risco, resvalam para ‘velhos do Restelo’, recordando os abismos todos, todos os terríveis Adamastores do Cabo das Tormentas, que afinal acabou por ser da ‘Boa Esperança’. Os profetas da desgraça, normalmente são incuráveis no seu pessimismo…
Mas as viragens necessárias têm igualmente de ser possíveis… Ora é aí que ‘bate o ponto’…
Por aqui o ‘videirismo’ não alterou a soberba de 16 anos de absolutismo, ficou aprisionado na terra queimada dessas quase duas décadas e dificilmente descolará dum alterne de protagonistas e da gestão da conta corrente do imobilismo…
Já no país e numa Europa envergonhada pelo arrojo do outro lado do Atlântico, do Norte e do Sul, a refrega promete… O contraditório parece começar a surgir… tímido, ainda carpindo mágoas e insucessos, temendo sombras, lambendo feridas abertas - a insustentabilidade aparente do modelo social que a Europa construiu no pós-guerras levanta medos, reais ou imaginários, tolhe capacidades de intervenção e projectos de saída para dias menos turvos e mais luminosos…
As rotinas demoram tanto a serem combatidas como os atavismos burocráticos e os circuitos fechados do poder encarquilhado que criou as novas gerações dirigentes alapadas a um carreirismo partidário subserviente, inepto e incapaz de se libertar e de, partindo dessa libertação, ter abertura à realidade, inovar e abordar os novos contextos locais, nacionais, globais…
Daí que a viragem necessária se torne mais urgente que nunca, mesmo que o ritmo possa não ser o dos dias que correm, mas o possível na procura de novas soluções e caminhos…
Afinal, nada de revolucionário ou extremamente difícil de entender para o comum dos mortais…
Como espécie infantil que somos, nós humanos criamos zonas de conforto e inércias que naturalmente se espandem ao social e ao cultural da nossa tri-dimensionalidade e pluralidade. Não é por isso de espantar que os sistemas políticos demorem a estremecer, e, finalmente a adequarem-se à real evolução daquilo que querem determinar e cada vez menos conseguem controlar…
Por isso a possibilidade da viragem dever funcionar como motivação para o encontrar de outras soluções, para a reflexão de novas hipóteses e abordagens que permitam gerar diferentes consensos, mas também diferentes e contraditórias alternativas necessárias, contextualizadas e projectadas no tempo. Daqui também ser necessária a frieza óbvia e informada para que a viragem tão necessária, se transforme em realidade possível.
Abril pode vir a ser o início decisivo da viragem necessária para a construção de novas realidades possíveis… No mínimo, devemos todos procurar ter essa esperança, merecendo, assim, os sacrifícios de tantos que lutaram por mais democracia e por um estado de direito, aqui e em toda a parte.


Tomar, Abril de 2015

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