quarta-feira, 5 de novembro de 2008

(Pouco) Pão e circo, com feira à mistura…

Vivemos tempos difíceis e voláteis, porque fugidios e imprevisíveis…

No meio de tudo isto continuamos todos tentando continuar e entender o que se passa. A maior parte das vezes só conseguimos continuar, porque tudo o resto nos passa à margem…

No meio de tudo isto também já nos habituamos ao discurso político sempre ‘em prol’

 de todos nós, mas normalmente mais em prol de uns tantos do que de todos. Mas até já nem isso é suficientemente importante… O que é pena!

No entanto, com alguma facilidade verificamos que ‘o pão e o circo’ político cada vez mais se afastam da realidade. Aqui e por todo o lado no planeta! Tanto nos tentam embalar com ‘oásis’, como com ‘tangas’ ou ‘amanhãs que cantam’. Cada vez mais desacreditamos e nos arredamos da participação política ou, pior ainda, da participação cívica, o que se torna perigosamente suicidário para qualquer sociedade democrática e de direito. As instituições também não ajudam nada… A cristalização dos partidos e outras instituições políticas nos sucessivos ciclos de conquista / perda de poder, esvaziam, muitas vezes, iniciativas e capacidades interventoras, inovadoras e solucionadoras de problemas que afectam os cidadãos. Por todo o lado os avisos não faltam e as evidências são bem óbvias.

A recente crise financeira global trouxe, de novo, o que, desde há muito, muitos previam – uma globalização desregrada e em roda quase livre criou ilusões muito pouco relacionadas com o real estado das sociedades. Sobejaram problemas, desigualdades crescentes e gritantes, mesmo intoleráveis.

No entretanto, iludidos com muito ‘circo’ e

 promessas, demasiados foram enganados pelas miragens dos sucessivos ‘milagres económicos’, ou tão simplesmente tentados e seduzidos por mil e uma facilidades nada sustentadas pela realidade. A ‘feira’ do ‘marketing’ consumista conquistou almas e corações levando a riscos reais, incompatíveis com as possibilidades que muitos não tinham…

A ´bolha’ rebentou e agora arcamos com as consequências…

O passado já muitas lições idênticas nos tinha deixado, mas a nossa curta e crédula memória atraiçoou-nos mais uma vez…

Também a nível nacional e local o mesmo se vai repetindo. Tornou-se prática comum a ‘navegação à vista’, só que nem mesmo navegadores experientes vêm muito quando mergulhados num banco de nevoeiro… Daí ao erro crasso nem um passo de distância vai!

Talvez seja tempo de mais serenidade e prudência!

Talvez vivamos tempos de menos ‘circo’ e ‘feira’!

Mais necessário é, por certo, o trabalho honesto e a humildade democrática que leve a mais aprendizagem e, consequentemente, a soluções mais adequadas aos tempos conturbados e de rápida mudança que temos de enfrentar e vencer!

   



Tomar,

 24 de Outubro de 2008

 

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