sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Alguma esperança precisa-se...

Ao fim de quase dois meses pós eleições, este país tem, de novo, governo em plenitude de funções… Independentemente de apreciações ainda extemporâneas, convém concluir que é tempo demais para aqui chegarmos. Na verdade, convém referir que há que reformar, com a urgência possível, as nossas leis eleitorais, pois os tempos que correm não se compadecem com estas demoras. Quanto ao resto, o melhor é aguardarmos, pois trata-se de situação inédita, historicamente na nossa democracia e, por isso, o tradicional período de graça aí está…
Igualmente é bom relembrar que internacionalmente vivemos tempos por um lado bem conturbados, por outro bem desafiadores… Facto é que, apesar de fortemente atacadas, as democracias têm resistido e mesmo a velha Europa revela, a espaços, vontades de mudança que não devemos por de lado. Se bem que ora confrontados com ameaças fortes no campo da segurança, nós europeus temos conseguido manter sociedades abertas e socialmente avançadas, preocupadas com os direitos fundamentais e a sustentabilidade ambiental. No entanto, o muito que progredimos em muitos destes aspectos, não conseguiu ainda ultrapassar radicalismos internos e, principalmente, falhou no vector solidário e de cooperação para o desenvolvimento no que toca a muitas regiões do planeta que continuam em situações de guerra e / ou pobreza extrema…
O drama das vagas de refugiados ou a barbárie terrorista têm na sua origem a falta de resposta atempada às tragédias que se vão desenrolando à nossa frente desde o Médio Oriente a África… E aqui vão-se repetindo os erros que nos próprios países europeus também teimamos em não abordar e resolver… a desertificação de largos territórios interiores ou menos atractivos economicamente, a concentração urbana e litoralizante excessiva, o desleixo na harmonização regional são questões em que muito há a realizar, assim se combatendo assimetrias que cedo ou tarde se agudizam e explodem…

Dito isto, registe-se que algo começa a mudar - a Cimeira do Clima numa Paris assolada recentemente por atentados, as novas perspectivas de colaboração e solidariedade da Europa com África bem podem ser exemplos para o que aqui, no país, na nossa região e concelho também temos de projectar e fazer - fixar população, sobretudo jovem, que permita níveis de inovação e geração de riqueza que consolidem processos de desenvolvimento mais integrados e com futuro.

Tomar, 4 de Dezembro de 2015

domingo, 22 de novembro de 2015

Dos dias das trevas...



De novo as trevas cobriram Paris, a Europa, todos os que ainda pugnamos pela humanidade contra a barbárie...
De novo ataques inomináveis abateram inocentes cidadãos... Pouco ou nada aprendemos de casos passados e bem recentes... Depois de Bombaim, na Índia, este tipo de ataques indiscriminados já eram conhecidos, mas, como de hábito, foram lá longe, como se hoje houvesse longe...
A banalização do terrorismo, das guerras civis médio orientais ou africanas pouco ou nada tem incomodado o ocidente, só nos lembramos disso recentemente com as vagas de refugiados e migrantes em fuga desses infernos... ou, tristemente, colocamos trancas nas portas depois delas arrombadas... num zelo securitário que esquece o verdadeiro combate à pobreza e exclusão lá, no tal longe que hoje é logo ali, ou pior ainda, nos guetos que fomos criando e procurando esquecer ou ocultar no nosso próprio quintal...
A banalização da pobreza e da exclusão tem estas consequências... Já muitos o têm avisado e é questão  bem estudada e sabida... Até na pacatez provinciana duma Europa emudecida e atónita perante a gritante realidade já era tempo de nos deixarmos de remendos e hesitações e de começarmos mesmo pelo princípio... A violência e a guerra só podem ser combatidas erradicando exclusões, preconceitos e miséria. Só o empenho no desenvolvimento sustentado de regiões e países mais pobres e assimetricamente muito pouco desenvolvidos, em muitos casos verdadeiros não estados, pode de algum modo prevenir o desespero dos povos e das gentes dum terceiro mundo, que um amigo africano já me classificou de quarto mundo, abandonado pelos mais ricos, tecnologicamente ultra desenvolvidos, mas completamente esquecidos dessas cruas realidades.
Também é por aqui que se podem defender direitos democráticos e sistemas que, por imperfeitos que sejam, evoluem no sentido da abertura e da tolerância, sem esquecerem valores universais de humanidade. Só assim deixaremos os dias das trevas em que vamos apenas sobrevivendo ao medo, só assim mereceremos romper os muros da indiferença ou de ódios mesquinhos, mereceremos a história que fomos construindo neste planeta globalizado que dominamos e onde nem sequer estamos a respeitar os valores mais altos da inviolabilidade da vida humana.



Lisboa, 20 de Novembro de 2015


domingo, 25 de outubro de 2015

E a confusão continua...


Divididos e retalhados os nossos eleitos continuam bailando...
Só que quase parecem 'zombies', isto é mortos-vivos, procurando carne...
Realmente, compreende-se que uns se façam de mortos ou outros se assanhem...
Como a procissão ainda vai no adro o impasse adensa, os tiques vem a lume e a caldeirada vai fervendo... Muito provavelmente o desgoverno continua, pois já tem décadas...
De qualquer modo algo finalmente começa a mudar, ou pelo menos aparenta... Teremos de aguardar mais umas semanas desta temporada novelística… De igual modo toda esta confusão continuada e talvez sobre mediatizada trás novidades e novos caminhos... À direita já o panorama se tinha esclarecido há alguns anos:-  uniu-se e assumiu o bloco neste espaço. O que surge de novo é um semelhante processo do lado esquerdo do espectro... Com semelhanças anteriores, com pragmatismo que tende a cortar com cenários anteriores ou mais recentes... A ver vamos se esta normalização, mais típica do modelo ocidental, não passa de mero espasmo conjuntural ou, se em breve, não resvala para a habitual rivalidade quase tribal que tem marcado muita da realidade do lado de franjas mais radicais e que de unidade apenas tem o frentismo histórico ou a vanguarda não se percebe hoje já de quê...

Os tempos são de mudança... É pena que só agora dos dois lados se estejam a aperceber que essa é a realidade que ultrapassou, já há muito, os modelos mais clássicos... Na verdade, a inadaptação de todo o espectro político-partidário aos ritmos de mudança rápida e muitas vezes ilógica, aleatória e inesperada, tem tolhido muitas tolerâncias e abertura necessária à sociedade civil. Isso está mais do que adquirido em muitos contextos e a inércia e rigidez com que muitos procuram ignorar ou fingir que nada se vai passando, já só leva a processos de extinção mais rápida ou lenta...
Por isso a ver vamos, vale a pena observar com objectividade e mente aberta o que se passar, pois deste processo, por certo confuso ou estranho, muito se poderá alterar e clarificar...
É essa a vantagem da democracia - a constante evolução, a hoje tão rápida mudança ,que a muitos quase cheira a revolução, se bem que esta esteja a ser permanente na nossa época. Só que demasiadas vezes nem sequer isso conseguimos vislumbrar!

Lisboa,
23 de Outubro de 2015

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Distrações...

Depois dos resultados das legislativas de 4 de Outubro, que aqui previamente
antecipei…(Como qualquer um o faria, fácil e obviamente!) voltamos às distrações, à coreografia habitual no pós-eleições, principalmente quando elas amargamente implicaram indecisões e não o seu contrário. Já à alguns anos, e por menos, um ex-primeiro ministro abandonou o ‘pântano’… Curioso é que, até hoje, não quis regressar, dedicando-se a causas bem maiores e, provavelmente, bem mais importantes… Adiante… que por ora estamos no momento das luzes de palco e dos bailados típicos do mediatismo dos nossos tempos… (Também já várias vezes o defendi… estamos todos igualmente habituados…) Aguardemos, pois, os actos finais, que os dramas seguirão mais para a frente, em tempos mais outonais e invernosos, sejam eles governamentais, orçamentais ou presidenciais, que é esse o calendário do circo e pão, tão romanos como a nossa latinidade…
Destas distrações e entretenimento não nos livramos tão cedo, e, verdade seja dita, ainda tiramos algum do gozo que dá ver tantos, tão aflitos, ziguezagueando ou fazendo soberbas piruetas… Disto temos a rodo aos vários níveis do poder político… Daí o fastio e desencanto de tantos, o abandono de demasiados, a fuga à participação de outros tantos tão válidos, principalmente mais jovens e inovadores espíritos que, antes cedo que tarde, deveriam ter regressado a uma participação activa no contexto político e partidário… Já é tempo! Por isso coragem e não desesperem! Têm todo o tempo do mundo!…
 
Abandonando a distração nacional… importante é realçar um simples facto: o dos líderes dos dois maiores países europeus - França e Alemanha - terem, curiosamente, acertado algum passo, perante o Parlamento Europeu, no que toca a aspectos que vão ter impacto e importância crescente nos tempos que se aproximam e que têm a ver com a Europa enquanto projecto comum em crise e em causa. O aviso ficou para os dançantes e passantes do costume - o espaço europeu não só está em crise como em causa, os tempos não estão para hesitações, contemplações várias ou distrações - são os pilares da construção europeia que podem estar ameaçados, é o nosso espaço, construído duramente à custa de tantos sacrifícios no pós duas guerras mundiais, que, finalmente, alguns começam a vislumbrar ter de ser reforçado e re-estruturado sem complacência com as ditaduras ou as barbáries várias que põem em perigo a democracia, a liberdade, a tolerância e a fraternidade, enfim, a humanidade, ainda que imperfeita, mas sempre válida, dos estados de direito democrático!
Talvez aqui sim, esteja algo que valha a pena, bem para além de todo o espectáculo das modas políticas mediáticas e imediatistas que vão regendo a espuma dos dias que correm…

Tomar,
 Outubro de 2015

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Decisões


Numa nota simples, deixar-vos-ia hoje com algumas ideias óbvias que a maioria e eu próprio…, vamos olvidando nestes dias de decisões, polémicas e realidades, tão esquivas como enguias, neste escorrer acelerado dos nossos tempos…
Sim, sem dúvida que tudo muda velozmente, mas isso não deveria ser uma vantagem e não motivo para indecisão? Adaptarmos todas as nossas vidas a estes ritmos não é nada fácil… Mas complicar o ainda mais complexo mundo em que vivemos, ficando inertes, estando sempre a viver de expectativas que nunca poderemos saber se se concretizam, poderá trancar-nos num beco sem saída… Está claro que ponderação e reflexão serão sempre exigidas, no entanto adiar decisões tenderá mais a arrastar problemas, não a resolver os ditos…
Ora, no caso, estamos também já muito perto de politicamente tomarmos decisões, o mais informadas de preferência, reflectidas, por certo, mas inadiáveis! Por isso, e como a democracia é mesmo isso, a liberdade irrevogável da escolha, teremos de civicamente actuar… Os anglo-americanos têm um dito curioso e sintomático: se não pagas impostos, não podes exigir benefícios… Mas também interpretam a mesma ideia de um outro modo: não me podem exigir o que eu não quero, isto é, o estado não tem que se imiscuir em questões individuais se o cidadão assim não quiser… Ora é na procura deste equilíbrio, cheio de sabedoria popular e tradição, que as democracias têm sabido evoluir e demonstrar que são o melhor sistema de vida colectiva, sempre abertas à inovação e a novos caminhos, respeitando as imensas diferenças, contextos históricos e culturais dos povos.
Por isso, e como nos aproximamos de momento democrático fundamental, o de exercermos o nosso direito de voto, deixemo-nos de abstencionismos e alibis ou desculpas… Decisivamente, no nosso país e por esse mundo fora, sejamos construtivos, seja qual for a nossa opção, não a deixemos para quem quer que seja - civicamente usemos o direito de escolha pelo qual tantos lutaram durante tanto, tanto tempo!
Só isso pode barrar a barbárie das ditaduras e das incertezas, fazer evoluir os variados sistemas democráticos, torná-los mais simples e eficazes, procurando valores e caminhos que, por diferentes que sejam, enriquecerão, sempre o nosso espaço individual, social e cultural num sentido positivo e humanamente respeitador da vida de todos nós!

Tomar, Setembro de 2015



sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Serenidades...

De regresso ao vento quase outonal, deparamo-nos com um cenário sem cenários…
Entre actores políticos já por demais conhecidos, duetos ou tercetos ‘da corda’ habitual vão-nos entretendo como o futebol o faz…
Alguém onteontem, no pós-‘debate decisivo’, dizem eles, descobriu semelhanças com o jogo dos jogos… a ‘flash interview’ (os pós comentários dos próprios intervenientes) no final do ‘derby’… não da 2ª Circular lisboeta, entre leões e águias, mas entre rosas e laranjas… No mínimo curioso…, pois a ver vamos se a 4 de Outubro, o campeonato fica decidido ou se mais tarde se avança para antecipado tira-teimas…
O que é facto é que o mediatismo dos nossos tempos impõe estes ritmos e estes espaços… Mas, de novo futebolisticamente, ninguém seriamente arrisca um desfecho, por mais que provável que ele seja… Já nem o estatístico convence, fará tudo o resto…
Também já por demasiadas vezes tenho considerado estas e outras situações como normais… A questão é sempre a mesma: ainda não nos habituámos a ritmos de mudança tão aleatórios e confusos para a nossa frágil capacidade de meros humanos… Só que essa é a realidade que nos cerca e cercará. Por isso teremos igualmente de não ir a reboque e ao trote de tempos impossíveis e desesperantes de acompanhar. Talvez, em contra ciclo, tenhamos de travar expectativas e anseios, tentar reaver alguma lentidão a tempos arrepiantemente velozes para as trôpegas ferramentas de que dispomos - os nossos sentidos e a nossa lenta inteligência lógica, mas também emocional…
Concluindo esta pequena reflexão já quase outonal, deixemos que o vento acalme um pouco, que a areia e o pó assentem, um pouco que seja, e calmamente preparemos decisões ponderadas e menos ruidosas para daqui a umas semanas… Com serenidades, de que bem precisamos hoje em dia…Deixemo-nos de pressas que, como diz o ditado popular, ‘só dão em vagares’…




Tomar,
11 de Setembro de 2015

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

...

Blog out...
























Lx., August 2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

...

(... para a Nat e o João R....)

Nos pilares de Gibraltar,
Dos antigos fenícios...
A espuma,
Das ondas,
Devolveu
A Zeus
Uma
Rėstea
De
Esperança ...

Na
Noite
Da
Névoa,
Regredi
No
Mar,
Esperei
Nova
Madrugada
Insone,
Demasiado
Longa,
Em tempos
Incertos
De
Cóleras
Várias,
Incertezas
Tantas,
Corações
Impantes
De
Calma
Nunca
Esperada,
Sempre
Ausente,
Trôpega
Ânsia
de
Coração
Navegante...

Lisboa,
Agosto de 2015



quarta-feira, 5 de agosto de 2015

...

... (para a minha filha)




Na aurora
Do
Tempo,
Relembro
O
Dia
Em que sorrias...

Na neblina
Da
Memória,
Relembro
O
Dia
Em que
Ias,
Pelo
Primeiro
Dia,
À
Escola...


Desejava,
Desejo...
Que
O teu sorriso
Nunca
Te
Fugisse
Fuja...
Do
Rosto...








Tomar,
Agosto 2015



quarta-feira, 29 de julho de 2015

...

Goin'...


Sometimes
Sailors
Sail...

Sometimes,
Sailin'
Saves
Souls...


Somewhere
Sailin',
Goin'
Gets
The
Gist...

Goin',
Goin',

Gone...








Lisbon,
July, 2015

quinta-feira, 16 de julho de 2015

...

...

Por
Vezes

Nem
O
Vento
Tráz
Onda
De
Esperança...
Até
Quando?...

Lisboa,
4 de Julho de 2015 (U.S.A. 's Independence Day)




New hopes...

Things are ...
What
They
Are...
No less,
No more...
New
Hopes
For
The best,
The middle,
Or
Just
The Real
Thing...

Tomar,
16 de Julho 2015


Hopin'
He 's
Just
The
Beginin'
Of
An
Old Chip
Of
The
Old Block!
Justa sailin'
On
New Waves
Of
Better
days...



Tomar, 16 de Julho 2015



sábado, 4 de julho de 2015

...


Do silêncio
Retenho o toque...

Do coração
Retiro a mágoa...


Da manhã
Só relembro a esperança...

Do dia
Só a luz
Pode
Relembrar
Dor
Esvaída,
Dormente ainda
Do silêncio
Da noite...

Lisboa, 2015